Sem categoriaCLIPPING ABCE: Correio Braziliense – 27/01 – Ações da Eletrobrás desabam mais de 10% com saída de presidente

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CLIPPING ABCE: Correio Braziliense – 27/01 – Ações da Eletrobrás desabam mais de 10% com saída de presidente

CLIPPING ABCE: Correio Braziliense – 27/01 – Ações da Eletrobrás desabam mais de 10% com saída de presidente

Postado em: 28/05/2021

Simone Kafruni

As ações da Eletrobras desabaram mais de 10% nesta terça-feira (26/1), na volta do
feriado na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), seguindo a queda dos ADRs (American
Depositary Receipts) na véspera, depois do anúncio da saída de Wilson Ferreira Jr. da
presidência da companhia. Na outra ponta, as ações da BR Distribuidora, empresa que
Ferreira irá presidir, saltaram 9,52% e 10,24%.
Para os especialistas, o temor do mercado é de que o governo tente emplacar um nome
político na estatal de energia elétrica. Agentes do setor elétrico lamentam a mudança, mas
não acreditam que isso possa comprometer o abastecimento de energia, mesmo que a
Eletrobras seja responsável por 30% da geração e 45% da transmissão no país.
Ferreira deixou a estatal alegando insatisfação com a demora na privatização da
companhia, que tramita no Congresso desde 2019. O conselho de administração da
empresa pretende avaliar profissionais do mercado, com a contratação de uma consultoria
de headhunter. O próprio Ferreira defendeu que há funcionários da companhia
capacitados para substituí-lo. Nesse caso, o nome da diretora financeira, Elvira Presta, é o
mais forte, uma vez que ela já ocupou a presidência nas férias de Ferreira. A área
econômica do governo, por sua vez, busca um executivo que acredite no projeto de
privatização da Eletrobras.Duplo revés para Pedro Serra, gerente de research da Ativa Investimentos, a saída de Ferreira é duplamente negativa. “Ele estava fazendo um bom trabalho. Ao colocar que o motivo para
sua saída foi a menor visibilidade da privatização da Eletrobras, derrubou as ações,
porque muitos investidores estavam carregando suas posições em cima da capitalização
da companhia”, avaliou. “Além de deixar a incerteza em relação à privatização, a saída de
Ferreira aumenta o risco de intervenção do governo”, alertou.
Segundo Serra, o conselho de administração atual é considerado técnico. Os integrantes
desse colegiado é que aprovam o próximo presidente. Porém, eles foram indicados ainda
no governo Temer. “Se o governo Bolsonaro, por acaso, quiser indicar uma pessoa e o
conselho disser não, existe a possibilidade de forçar uma assembleia e indicar um novo
colegiado. Isso seria péssimo e colocaria em xeque o plano estratégico da estatal”,
advertiu. “No entanto, existe uma boa chance da Eletrobras conseguir colocar um nome
técnico”, estimou.
Na opinião de André Cesar, cientista político da Hold Assessoria Legislativa, há interesses
políticos fortes na estatal, como em todas as outras empresas públicas. “Isso é legítimo em
um ambiente de presidencialismo de coalizão, onde essas instituições são usadas para se
distribuir poder, porque é preciso apoio dos partidos para governar”, disse. “Como o
governo está trabalhando muito forte na candidatura do Arthur Lira (PP-AL) para a
Presidência da Câmara, faz sentido uma ação desse modo”, avaliou.
Suprimento de energia apesar de desagradar o mercado e o setor elétrico, a mudança na presidência da
Eletrobras não ameaça o suprimento de energia do país, mesmo que a empresa não seja
privatizada e fique sem condições de fazer investimentos necessários para ampliar a
geração e a transmissão. O presidente da Associação Brasileira dos Investidores em
Autoprodução de Energia (Abiape), Mário Menel, disse que a saída de Ferreira é uma
perda significativa para o setor elétrico. “A decisão de um cargo como o dele é sempre
política. Esperamos que seja substituído por alguém técnico. Porém, isso não deve afetar
o abastecimento”, sustentou.
Menel lembrou que, no último leilão de transmissão, a própria Eletrobras entrou com
lances conservadores. “Não levou porque havia competidor mais agressivo, mas sinalizou
que já tem condições de participar de leilões porque a dívida diminuiu. Além disso, o setor
elétrico é relativamente organizado e o investimento estrangeiro quer maior participação.”
Alexei Vivan, presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica
(ABCE), também lamentou a saída de Ferreira, mas concordou com Menel de que isso
não representa risco de desabastecimento de energia. “A Eletrobras tem necessidade de
realizar investimentos. Ainda tem o maior parque gerador brasileiro e uma importância
muito grande para o setor energético. Mas o suprimento de energia não está só na mão
dela. O setor privado vem assumindo essa função e já tem participação significativa”,
afirmou.
O executivo alertou, contudo, que a privatização da empresa é necessária para que
mantenha sua participação, uma vez que não tem recursos para fazer os investimentos
necessários. “O país precisa aumentar a geração e a Eletrobras tem de investir na
manutenção dos empreendimentos em operação e tem restrição orçamentária. Com a
retomada da economia, precisaremos de mais fontes perenes, como hidrelétricas e
térmicas, que garantam a segurança e deem confiabilidade ao setor.”

 

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2021/01/4902760-acoes-da-eletrobras-desabam-mais-de-10–com-saida-de-presidente.html